Em 1978, prestes a concluir o curso de pós-graduação na UnB, destinado a professores de Universidades Brasileiras, em convênio com a CAPES, onde fui representante da Universidade Federal de Sergipe, tive a oportunidade de estagiar na Secretaria de Modernização da Presidência da República – SEMOR, onde desenvolvi meu trabalho de conclusão do referido curso. Nessa oportunidade, fiquei conhecido por funcionários do Ministério da Educação como aluno e professor que estava se destacando no curso, chegando ao conhecimento do Reitor Aloísio de Campus, que eu estava sendo convidado para participar da Reforma Administrativa da Universidade do Amazonas, época em que estava sendo discutido também o novo estatuto da UFS pelo Ministério de Educação e Cultura através do Conselho Federal de Educação. a minha surpresa foi receber a visita do Professor de Economia e Contabilidade da UFS, Professor Paulo Novais, no momento, desenvolvendo atividade de Assessoramento ao Reitor, me convidando para uma reunião com o Professor Aloísio de Campus, cujo assunto era sobre minhas intenções de sair da UFS, indo para Universidade de Manaus, por transferência.
Após algumas tratativas com o Professor Paulo Novais e Professor Aloísio de Campus, aceitei retornar a UFS, e enfrentar um grande desafio na minha vida profissional: implantar a Reforma Administrativa e Acadêmica na UFS, cujo ambiente existente, na época, era a cultura de Faculdades Individuais, a saber a Faculdade de Medicina, Direito, Serviço Social, Filosofia e Economia, todas funcionando como verdadeiros feudos, sem a mínima integração, a partir do momento que aceitei o convite, já comecei a acompanhar as discussões para a elaboração do Estatuto e o Ministério de Educação e Cultura, foi aí o grande desafio, montar uma estratégia para aprovar o Regimento Geral, Regimento Interno da Reitoria – 1979, extinguir e aglutinar as Faculdades em Centros Universitários (Reforma Universitária). De início, propus ao magnífico Reitor que criasse um grupo de trabalho com técnicos da paropia universidade, com o propósito de auxiliar na implantação da Reforma, que até aquele momento estava sendo iniciada pela Assessoria de Planejamento – ASPLAN, chefiada pelo competente economista Francisco Leite Lisboa, decorrido aproximadamente um mês, identifiquei que na forma que o processo estava sendo conduzido, iríamos ficar patinando e discutindo muitas firulas. Foi então que propus ao Reitor a criação do grupo de trabalho para implantação da Reforma – GIR, iniciando uma ruptura com a ASPLAN e a partir daí, tivemos autonomia para levar adiante e que hoje, decorridos vários anos, avalio ter sido um sucesso, apesar de ter ficado marcado na comunidade como competente mas, “criador de caso”, justamente por ter coragem de quebrar paradigmas e implantar mudanças que a época se faziam necessárias.
A portaria que criou o Grupo de trabalho para Implantação da Reforma -GIR deu autonomia para que pudesse executar importantes tarefas a respeito das mudanças a sere implantadas – (Portaria N º 215 – 05/78 GIR) – Fotos - falta anexo.
O primeiro conflito foi administrar a equipe da ASPLAN, pois se sentiram desprestigiados, já que todos os documentos passaram a ser redigidos pelo GIR. Para amenizar este conflito e como tinha em mente implantar a reforma, e para conciliar as divergências após elaborar o primeiro documento o Regimento Geral enviei o mesmo para que o chefe da ASPLAN para que este encaminhasse o Reitor. em seguida Regimento da Reitoria. Nesse momento, O Reitor já contava com um assessor, o professor Nestor Piva, o qual seria nomeado pelo Reitor como Vice-reitor, após aprovação da Reforma vindo como Professor da mesma Universidade que eu – Unb. (Exposição de Motivos).
No Regimento da Estrutura Administrativa, acompanha “Tabela de Cargos com Comissão e Função Gratificada”, bem como aglutina as Faculdades em Centros Universitários, a saber: Centro de Ciências Exatas, CEET, Centro de Ciências Biológicas e Saúde, Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Centro de Educação.
Após aprovação pelo Conselho Universitário da Estrutura Administrativa viria o maior desafio, extinguir as antigas Faculdades e instalar os Centros com seus respectivos Departamentos. A equipe que me acompanhava, aqui faço destaque: todos competentes, motivados e dispostos a mudar toda a visão que existia na UFS naquele momento, entregando-se de corpo e alma àquela missão, isto é, “mudar para melhor” no momento não quero nominá-los para não cometer injustiça, com outros participantes que não integravam o grupo, mas que estavam sempre do nosso lado.
A Estratégia adotada para extinção das faculdades, e implantação dos centros e departamentos, obedecem os seguintes passos:
O primeiro foi à aprovação do Regimento no Conselho Universitário, já comentado anteriormente. A segunda ação que foi muito eficiente e definitiva, podemos dizer que foi extinguir as Faculdades em apenas um dia. Vejam como foi interessante: por sugestão de um dos técnicos do grupo, administrador Neilton Santana sugeriu que fosse contratado um caminhão para que fossem retirados no final de semana todos os arquivos que continha ficha e histórico dos alunos, que se encontrava nas Faculdades, para serem levadas para Rua de Lagarto, onde foi criado o Departamento de Administração Acadêmica – DAA. Na segunda-feira, lembro como se fosse agora, fui convocado na sala do Reitor pra explicar aos diretores de Faculdades de Medicina, Economia, Direito, etc., por que haviam retirado os históricos daquele espaço, de pronto respondi “para implantar os Centros”. Nesta hora, o Reitor conduziu o restante da reunião, daí por diante, foram só críticas a minha pessoa, como o criador de casos, hoje posso avaliar e medir a reação, pois daquele momento em diante, o Reitor teve o privilegio de nomear, por portaria, todos os cargos em comissão e avançar capacitados de novas estruturas, do vice-reitor até as novas funções gratificadas que era Chefe do Grupo de Trabalho.
Estatuto
Outra atitude corajosa e marcante do Magnífico Reitor Aloísio de Campos, estimulada por mim e pelo professor Piva, foi a de não incluir no titulo V do Regime Disciplinar do Estatuto o decreto 477 de 26 de fevereiro de 1969, dando a redação a que se segue art.84.
A época foi considerado como um ato de rebeldia pelo Conselho Federal de Educação, mas que após varias tratativas foi aceita a não inclusão deste decreto.
Este decreto apavorava e ameaçava, Era um instrumento de pressão e ameaça para os centros de representantes estudantis.
Confira nos links abaixo os documentos na íntegra:
- Estatuto
- Regimento Interno da Reitoria
- Regimento da Biblioteca Central
- Regimento do Restaurante Universitário
- Manual da Estrutura Administrativa e Acadêmica
- Reforma Administrativa da UFS